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domingo, 19 de setembro de 2010

Blasfêmia contra o Espírito Santo

"Todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. E àquele que falar contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, a quem falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo nem no futuro." (Mt 12, 31)


Por que a blasfêmia contra o Espírito Santo é imperdoável?
Em que sentido entender esta blasfêmia?
São Tomás de Aquino responde que se trata de um pecado "imperdoável por sua própria natureza, porque exclui aqueles elementos (graças) aos quais é concedida a remissão dos pecados".
A blasfêmia não consiste propriamente em ofender o Espírito Santo com palavras; consiste, antes, na recusa de aceitar a salvação que Deus oferece ao homem, mediante o mesmo Espírito Santo agindo em virtude do sacrifício da Cruz.
Se o homem rejeita o deixar-se "convencer quanto ao pecado", que provém do Espírito Santo e tem caráter salvífico, ele rejeita contemporaneamente a "vinda" do Consolador: aquela vinda que se efetuou no mistério da Páscoa, em união com o poder redentor do Sangue de Cristo: o Sangue que "purifica a consciência das obras mortas".
Sabemos que o fruto desta purificação é a remissão dos pecados.
Por conseguinte, quem rejeita o Espírito e o Sangue permanece nas "obras mortas", no pecado.
E a blasfêmia contra o Espírito Santo consiste exatamente na recusa radical de aceitar esta remissão, de que Ele é o dispensador íntimo e que pressupõe a conversão verdadeira, por Ele operada na consciência.
Se Jesus diz que o pecado contra o Espírito Santo não pode ser perdoado nem nesta vida nem na futura, é porque esta "não-remissão" está ligada, como à sua causa, à "não-penitência", isto é, à recusa radical a converter-se.
Isto equivale a uma recusa radical de ir até às fontes da Redenção; estas, porém, permanecem sempre abertas na economia da salvação, na qual se realiza a missão do Espírito Santo. Este tem o poder infinito de haurir destas fontes: "receberá do que é meu", disse Jesus. Deste modo, Ele completa nas almas humanas a obra da Redenção, operada por Cristo, distribuindo os seus frutos.
Ora a blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem, que reivindica o seu pretenso "direito" de perseverar no mal — em qualquer pecado — e recusa por isso mesmo a Redenção. O homem fica fechado no pecado, tornando impossível da sua parte a própria conversão e também, consequentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial ou não importante para a sua vida. É uma situação de ruína espiritual, porque a blasfêmia contra o Espírito Santo não permite ao homem sair da prisão em que ele próprio se fechou e abrir-se às fontes divinas da purificação das consciências e da remissão dos pecados.

(Fonte: Dominum et vivificantem - Ioannes Paulus PP. II nº 46)

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